Penso em ti todos os dias. 
Do meu lado partiste.
Levaste contigo parte de mim
Levaste a inocência da criança e enfim, 
O vazio no meu peito subsiste.

Penso em ti quando me perco.
Procuro-te mas não estás por perto
E então aumenta a inquietação.
A angústia.
A cogitação.

Falta-me ouvir a tua sabedoria. 
As histórias das rugas que trazias
O colo e as festas que me fazias,
E de mim se apodera o desassossego.

Queria tanto o teu aconchego...
Ouvir te a rir de mansinho,
E continuar ao abrigo do teu ninho...

Penso em ti para a saudade apaziguar.
Foste sempre a inspiração do meu ser,
O pilar que me fez fortalecer,
A mulher que me ajudou a criar...
Um dia disseram-me que podia ser quem eu quisesse. Duvidei. 
A dúvida, a incerteza, o medo, palavras colossais para quem tão pouco viveu. Preenchem-nos de forma inconcebível a cada passo que foge do nosso quotidiano, do que vamos pisando pelo caminho.
Quis muito, em todas aquelas horas assombrosas. Fiz pouco. Nada. 
Inspirei cada tormenta como se mais nenhum ar houvesse em volta. Tornaram-se mais minhas que o meu próprio ar. 
Um dia disseram-me que podia ser quem eu quisesse. Hesitei. 
Observei-me, como se do meu corpo saísse. 
Expirei tudo no momento, e então descobri. 
Somos trazidos ao mundo para num segundo deixar de existir. Vivemos num ápice o dia a dia sem percebermos o que realmente fazemos aqui. 
Poucos são os que se permitem ser. Poucos são os que permitem que os outros sejam. Raros são os que percebem, que cada existência é de si mesma. 
Um dia disseram-me que se eu me permitisse ser, que se eu me permitisse ver, que se eu me fizesse ouvir, podia ser quem eu quisesse. Acreditei.
Fiz-me dona de mim mesma. Andei à deriva mas vi o mundo. Corri por cada segundo. Chorei com cada conquista. O impulso para cada um delas existe em nós, por vezes escondido no caminho. 
Que ninguém tenha a ousadia de silenciar o que somos. Que ninguém tenha a coragem de nos fazer duvidar de nós mesmos. Que ninguém se sobreponha a nós. Que ninguém exiba as nossas vitórias.  ou imponha o seu direito sobre as mesmas.
Um dia disseram-me que podia transbordar de orgulho, pois finalmente descobri-me a mim mesma.
O mar no meu jardim. Rita Veiga. Tecnologia do Blogger.

O teu colo